Forense Digital com Linux – Técnicas Práticas – Parte 8

Dominando o Plaso (Log2Timeline): Uma Ferramenta poderosa para análise de linha do tempo em Forense Digital

Hoje, vamos explorar uma das ferramentas mais robustas para análise forense digital: o Plaso, também conhecido como Log2Timeline. Essa ferramenta é essencial para analisar grandes volumes de dados e criar linhas do tempo (timelines) que ajudam a entender a sequência de eventos em um sistema comprometido. Vamos abordar, passo a passo, como utilizar o Plaso em cenários práticos, desde a instalação até a análise de resultados.

 

Passo 1: Instalação e configuração do Plaso

Antes de começarmos, é fundamental garantir que o Plaso esteja corretamente instalado em seu sistema. A ferramenta é compatível com Linux, macOS e Windows (via WSL). Vamos focar na instalação em um ambiente Linux, que é o mais comum para análises forenses. Lembrando que o Plaso faz parte do pacote de ferramentas do Kali Linux.

 

  • Instalação no Linux:

    • No Ubuntu ou Debian, você pode instalar o Plaso diretamente via repositórios:

       
      sudo apt-get install plaso-tools
    • Para outras distribuições, é recomendável utilizar o pip (gerenciador de pacotes Python):

       
      pip install plaso
  • Verificação da instalação:

    • Após a instalação, verifique se o Plaso está funcionando corretamente executando:

       
      log2timeline.py --version
    • Isso deve retornar a versão instalada, confirmando que a ferramenta está pronta para uso.

 

Passo 2: Criando uma linha do tempo a partir de uma imagem de disco

Agora que o Plaso está instalado, vamos utilizá-lo para criar uma linha do tempo a partir de uma imagem de disco. Suponha que você tenha uma imagem de disco chamada imagem.dd e deseja extrair eventos relevantes, como logs do sistema, atividades de usuários e metadados de arquivos.

 

  • Executando o Log2Timeline:

    • Utilize o seguinte comando para processar a imagem de disco:

       
      log2timeline.py --storage-file timeline.plaso imagem.dd
    • Aqui, timeline.plaso é o arquivo de saída que armazenará todos os eventos extraídos.

  • Entendendo o processo:

    • O Plaso vai analisar a imagem de disco, extraindo informações de logs, arquivos, registros do sistema operacional e muito mais. Esse processo pode demorar, dependendo do tamanho da imagem e da quantidade de dados.

 

Passo 3: Analisando a linha do tempo com o Psort

Com a linha do tempo criada e armazenada no arquivo timeline.plaso, o próximo passo é analisar os eventos extraídos. Para isso, utilizaremos o Psort, uma ferramenta que faz parte do ecossistema do Plaso.

 

  • Exportando a Linha do Tempo:

    • Para visualizar os eventos em um formato legível, execute:

       
      psort.py -o dynamic -w timeline.csv timeline.plaso
    • Isso criará um arquivo CSV (timeline.csv) contendo todos os eventos organizados cronologicamente.

  • Filtrando Eventos Relevantes:

    • Em muitos casos, a linha do tempo pode conter milhares de eventos. Para filtrar apenas os mais relevantes, você pode utilizar filtros específicos. Por exemplo, para buscar apenas eventos relacionados a um usuário específico:

       
      psort.py -o dynamic --filter "user == 'usuario'" -w filtered_timeline.csv timeline.plaso


Passo 4: Visualizando e interpretando os resultados

Com os eventos extraídos e filtrados, é hora de interpretar os resultados. O arquivo CSV gerado pode ser aberto em ferramentas como o Excel, Google Sheets ou qualquer outro software de planilhas. Aqui estão alguns exemplos do que você pode encontrar:

 

  • Atividades de usuários:

    • Logins e logouts.

    • Acesso a arquivos e diretórios.

    • Execução de programas.

  • Atividades do sistema:

    • Alterações em registros do sistema.

    • Instalação de software.

    • Conexões de rede.

  • Metadados de arquivos:

    • Datas de criação, modificação e acesso.

    • Informações sobre dispositivos de armazenamento.

 

Passo 5: Aplicações práticas em cenários reais

Vamos agora aplicar o Plaso em um cenário prático. Imagine que você está investigando um incidente de segurança em que um atacante comprometeu um servidor. Utilizando o Plaso, você pode:

 

  • Identificar o ponto de entrada:

    • Analisar logs de autenticação para detectar logins suspeitos.

    • Verificar se houve execução de scripts ou programas maliciosos.

  • Rastrear atividades do atacante:

    • Reconstruir a linha do tempo das ações realizadas pelo atacante.

    • Identificar arquivos criados, modificados ou excluídos.

  • Coletar evidências para relatórios:

    • Exportar eventos específicos para incluir em relatórios forenses.

    • Utilizar os dados para embasar decisões de resposta a incidentes.

 

Conclusão

O Plaso (Log2Timeline) é uma ferramenta indispensável para profissionais de segurança cibernética que precisam analisar grandes volumes de dados e reconstruir a sequência de eventos em um sistema comprometido. Com sua capacidade de extrair e organizar informações de diversas fontes, ele permite uma visão clara e detalhada das atividades realizadas em um ambiente digital.

Ao dominar o uso do Plaso, você estará equipado para enfrentar desafios complexos em investigações forenses, desde a identificação de ameaças até a coleta de evidências para ações legais. Pratique os passos descritos neste artigo e explore as diversas funcionalidades que essa ferramenta oferece. Boa análise!

Espero que este guia prático tenha sido útil para entender como utilizar o Plaso em análises forenses digitais. Lembre-se de que a prática constante é essencial para dominar qualquer ferramenta. Até a próxima!

 

Fonte e imagens: https://www.kali.org/tools/plaso/